Cheiro de livro novo: Fortaleza Digital

Título: Fortaleza Digital
Autor: Dan Brown
Páginas: 331
Editora: Sextante

Uma professora do meu namorado resolveu emprestar esse livro para ele e eu aproveitei a oportunidade para ler também, porque adoro os livros do Dan Brown. Apesar de sempre seguirem a mesma fórmula, conseguem prender a atenção, surpreender em alguns momentos e fazer você refletir sobre alguma coisa.
Esse foi o primeiro livro do autor e achei legal ver que desde o começo sua narrativa seguiu um estilo semelhante, mas ao mesmo tempo evoluiu bastante. Suas histórias conseguiram ficar mais cativantes com o tempo.
"— Códigos — disse Becker. — Como você sabe por onde começar? Quero dizer... como você os quebra?
Susan sorriu.
— Você, mais que ninguém, deveria saber. É como estudar uma língua estrangeira. No início, o texto parece incompreensível, mas aos poucos você aprende as regras que definem sua estrutura e começa a extrair o sentido."
Susan Fletcher é matemática e chefe do Departamento de Criptografia da NSA, a Agência de Segurança Nacional americana, uma organização de inteligência secreta e poderosa. Seu trabalho era desencriptar manualmente qualquer mensagem suspeita enviada pela Internet, mas agora a agência conta com o TRANSLTR, um supercomputador criado para quebrar qualquer código em poucos minutos.
"Esta organização foi fundada com um propósito: tornar mais eficaz a segurança da nação. Algumas vezes é preciso perturbar a paz de todos para garantir que vamos descobrir as laranjas podres em meio às boas. Acho que muitos cidadãos ficariam felizes em sacrificar um pouco de sua privacidade para saber que os 'vilões' não podem agir livremente."
Susan está noiva de David Backer, um professor universitário especialista em línguas. Eles estão se preparando para viajar, quando ela é convocada para ir ao trabalho resolver uma emergência. Ao chegar lá, o comandante Strathmore, seu chefe, revela que o TRANSLTR está há horas processando um código. É um código inquebrável, criado por Ensei Tankado, um gênio da computação que foi demitido da NSA por acreditar que as pessoas tinham o direito de saber que poderiam estar sendo espionadas. Com ódio da agência e dos Estados Unidos, ele decide criar esse código, denominado Fortaleza Digital, como forma de obrigar a NSA a revelar a existência do TRANSLTR.
"— Todos temos o direito de guardar segredos — disse. — Um dia eu farei com que isso volte a ser possível."
Tankado morre antes de cumprir a ameaça, mas ele conta com um parceiro, que divulgará a fórmula do programa na Internet se a NSA não realizar o que foi pedido, o que fará com que a máquina não seja mais capaz de decodificar nenhuma mensagem. O trabalho de Susan, então, é descobrir a identidade desse parceiro, de modo que a NSA consiga com ele a chave para decifrar o Fortaleza Digital.
"— Quis custodiet ipsos custodes?
Susan olhou para ele, sem entender.
— Latim. Das Sátiras, de Juvenal. Significa 'Quem guardará os guardiões?'.
— Não entendo. Como assim, 'guardar os guardiões'?
— Sim. Se nós agimos como guardiões da sociedade, então quem irá nos vigiar para ter certeza de que não somos perigosos?"
Enquanto isso, David também está metido nesse problema. Sua missão é ir até Sevilha, na Espanha, buscar os pertences de Tankado, para conseguir a chave que era dele. Parecia algo bem simples e rápido, e em breve ele estaria viajando com Susan, mas se mostra uma aventura e tanto. David logo se vê andando pelas ruas de Sevilha, em busca de um anel, enquanto é seguido de perto por um misterioso homem com óculos de armação de metal.
Para Susan as coisas também não saem tão fáceis e, conforme vai descobrindo os planos que existem por trás de tudo e mais pessoas percebem que algo estranho está acontecendo, ela fica sem saber em quem confiar e esse acaba se tornando o pior fim de semana de sua vida.
"— Você acha que está pronta para assumir esta responsabilidade? Você acha que alguém está? É uma ideia de louco! Você diz que nosso governo só está interessado em cuidar do que é melhor para o povo? Genial! Mas o que acontecerá se algum futuro governo não estiver preocupado com os interesses do povo??"
Estou acostumada com as aventuras em cidades históricas e cheias de informações artísticas de Robert Langdon, então esse livro tecnológico foi um choque para mim. rsrs Isso não quer dizer que tenha sido ruim. Assim como nos outros livros do Dan Brown que já li, esse possui descrições detalhadas dos ambientes e atividades dos personagens, mas dessa vez tem mais a ver com computadores, programas, equipamentos de última geração e mensagens encriptadas (o que já não é tão incomum, já que todos os livros do autor têm códigos para serem decifrados). 
A aventura é mais virtual. Susan passa boa parte do livro dentro de sua sala, tentando resolver as coisas pelo computador, o que torna a história um pouco mais parada. A adrenalina da corrida pelas ruas acaba ficando apenas com David, mas mesmo assim não é tão empolgante. David é apenas um simples professor universitário, que fica totalmente perdido na situação em que se mete, não sabe como agir e não imagina os riscos que possa estar correndo. É um cara muito sortudo, porque as coisas só acontecem por pura sorte, ele não tem a sagacidade que estou acostumada a ver em Langdon. Os personagens, apesar de serem super inteligentes, às vezes não conseguem enxergar coisas óbvias, o que acaba sendo irritante, pois se passam vários capítulos numa enrolação para perceberem o que a gente já notou logo de cara.
O início é meio cansativo, com muita descrição e nada de emoção. Quando as explicações vão surgindo, aí sim a história começa a ficar mais emocionante. Apesar de ser um pouco previsível, em certos momentos o autor consegue pegar o leitor totalmente de surpresa. 
Com esse livro, Dan Brown faz com que a gente reflita sobre certas coisas, como se o governo deve ou não ter acesso a qualquer informação pessoal enviada pela Internet, sobre o quanto isso pode ser útil ou prejudicial para a população. Apesar de não ser o melhor que ele já escreveu (nenhum supera Inferno para mim xD), é um livro muito interessante e vale a pena ser lido.

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