Cheiro de livro novo: A Playlist de Hayden

Título: A Playlist de Hayden
Autora: Michelle Falkoff
Páginas: 283
Editora: Novo Conceito


Recebi esse livro como cortesia da editora Novo Conceito no ano passado, por ter postado minhas primeiras impressões da amostra com os oito primeiros capítulos. Tinha ficado interessada em saber o restante da história, mas acabei passando vários livros na frente e só esse mês peguei para ler.

Sam é um garoto muito tímido e está no ensino médio. Ele sempre sentiu que não se encaixava em nenhum grupo do colégio, então desde criança, quando chegou a Libertyville, fez apenas um amigo. Hayden era seu melhor amigo e eles compartilhavam tudo um com o outro — ou pelo menos era o que Sam pensava. Até que um dia Hayden se suicida, deixando para Sam apenas uma lista de músicas com o recado para que ele ouvisse e entendesse.

"Muitas pessoas querem ser invisíveis. Talvez elas até pensem que podem fingir que são. Mas sempre alguém as vê."

Hayden sempre foi mais isolado do que Sam. Era muito tímido, baixinho, gordinho e passava suas horas livres jogando videogames ou no computador. Apesar de ser esperto, tinha dislexia e uma dificuldade muito grande em escrever suas ideias, o que o fazia tirar notas baixas. Era pressionado pelos pais por causa do seu jeito, além de sofrer bullying na escola por seu próprio irmão e os amigos dele.

"O que tem de tão legal em ser o cara bom? Ser assim nunca tinha me levado a lugar nenhum. Pelo que eu podia ver, os maiores babacas da escola eram os caras que todos os professores e os outros alunos consideravam os mais incríveis (...) Eles podiam fazer o que quisessem e ninguém parecia se importar se eram ou não boas pessoas, se tinham segredos."

Sam é inteligente e, apesar da timidez, às vezes tentava se enturmar. O problema é que Hayden nunca quis tentar, e Sam acabava se juntando ao amigo. Mas mesmo com a companhia dele, Sam se sentia solitário. Quando Hayden morreu, Sam ficou perdido. Ele sabia que o amigo sofria, mas não imaginava que chegaria ao ponto de não suportar mais e se matar. Por outro lado, ele ganhou a liberdade para começar a interagir com novas pessoas.

"Entretanto, tinha tanta coisa em minha cabeça que tudo o que eu desejava era que houvesse alguém com quem eu pudesse conversar. O problema era que a pessoa com quem eu realmente queria falar era Hayden. Quando eu ia parar de me sentir assim? Quando ele pararia de ser a primeira pessoa para quem eu pensava em ligar quando acontecia alguma coisa?"

Ele passa por um ciclo sem fim de sentir culpa, raiva e tristeza, enquanto escuta as músicas e tenta compreender os motivos do amigo. Tudo o que ele sabe é que os dois discutiram em uma festa na noite anterior à morte, por causa de algo muito sério, e por isso acredita que seja culpado.

"Não acho que algum dia deixarei de me culpar pela parte que me cabe, mas de alguma maneira é mais fácil culpar a mim mesmo do que qualquer outra pessoa, e talvez algum dia seja possível que eu pegue um pouco mais leve comigo mesmo. Se nenhum de nós é cem por cento responsável, então é bem provável que nenhum de nós pudesse impedir o que aconteceu, mesmo sabendo que era isso que deveríamos ter tentado fazer. E provavelmente precisamos aceitar isso, assim como precisamos aceitar que o Hayden não vai voltar."

Mas Sam não conhecia algumas músicas e começou a desconfiar de quem poderia ter as apresentado a ele. Descobre que o amigo guardava segredos e resolve investigar quais eram e se poderiam ter relação com a decisão tomada por ele. Ao mesmo tempo, coisas estranhas começam a acontecer e ele teme que a raiva que sente pelas pessoas que humilhavam Hayden o domine e faça com que ele cometa atos dos quais não acreditava ser capaz.

"Creio que a gente precisa se preocupar com quem está vivo agora. Os mortos vivem nas nossas lembranças. E nos nossos sonhos."

O que mais achei interessante no livro é a relação que têm com as músicas. Cada capítulo tem uma música da playlist deixada por Hayden como tema. Apesar de algumas não fazerem muito meu estilo, fiz questão de ouvir e ver a tradução de todas elas para tentar compreender melhor as associações que Sam fazia. A editora até deixou um site para ouvirmos (aplaylistdehayden.com.br), o que é legal para quem gosta de ler e ouvir música (o que eu não consigo fazer rs). Apesar disso, esperava que a playlist tivesse maior destaque na história.
A leitura flui rápido e a autora trata de assuntos pesados como o suicídio e o bullying de forma bem leve. O mistério que circunda a morte de Hayden acaba deixando a história mais interessante e fiquei curiosa para saber como tudo seria concluído. Gostei do livro, mas estava esperando mais. Acho que a autora tentou fazer um mistério muito grande e no final das contas não era nada demais. Mas de qualquer forma ela soube fazer com que sentíssemos a perda do amigo de Sam, e de como seria bom se ele não tivesse desistido da própria vida. E acho que o principal objetivo da história é te fazer sentir como é para as pessoas que ficam, como as pessoas próximas são afetadas e como só o tempo é capaz de fazê-las superar a perda.

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