Cheiro de livro novo: Nildrien - O Pergaminho

Título: Nildrien - O Pergaminho
Autor: Manoel Batista
Páginas: 586
Editora: Novo Século (Talentos da Literatura Brasileira)
Próximo: Nildrien - Os Esquecidos

Boa tarde, gente! Sei que estou meio sumida das resenhas, mas ando muito enrolada com as coisas do final da faculdade, estágio, tcc, etc, então tenho tido pouquíssimo tempo para ler. Tentei ao máximo terminar de ler esse livro rápido, já que fazia um tempo que o Manoel tinha me enviado, mas realmente não consegui. Talvez eu suma por mais um tempinho, mas prometo que quando esse momento crítico passar, compensarei com várias resenhas legais! haha

Quando o Manoel entrou em contato conosco propondo a parceria, fiquei logo animada! "Oba! Mais uma fantasia!" As fantasias medievais estão chegando com tudo e conquistando meu coração. Aguardei ansiosamente para começar a leitura e fui com altas expectativas.


Nildrien é um mundo vasto e antigo, com muitas histórias e mistérios. Uma das lendas mais famosas do continente de Dalend é sobre o maior de todos os magos que já existiram, Arkross. Ele foi extremamente poderoso, quase uma divindade, e dizem que criou um pergaminho que possui feitiços inacreditáveis. Porém, esse pergaminho está em seu esconderijo, que ninguém nunca soube onde é, e todos acreditam já ter se perdido, pois mil anos se passaram desde sua morte.

"'Não deixe o ódio te cegar, pois se isso acontecer você se torna seu pior inimigo.'"

Então acontece um acidente com um grupo de mineradores da Vila Drend que foi à enorme Caverna Antiga. Apenas um membro sobrevive e afirma que eles encontraram um lugar com um tesouro valioso, mas em seguida foram atacados por monstros. Com medo de retornar e morrer, o sobrevivente faz um mapa indicando o local encontrado, na tentativa de lucrar com o ocorrido.

"Ele ouvira falar que a Caverna Antiga era um lugar cheio de perigos e monstros, mas, acima de tudo, era um local muito misterioso. Rezavam as lendas que ninguém jamais havia chegado às suas profundezas, e que seres tão antigos quanto o mundo habitavam suas entranhas a incontáveis eras. (...) O fato é que realmente era um lugar cheio de mistérios, e, se alguma coisa realmente estava incomodando os monstros daquele lugar, merecia atenção, pois podia envolver algum tipo de perigo."

Em todo o continente, começam a rolar boatos de que os monstros da Caverna Antiga estão estranhamente agitados. Ninguém sabe ao certo o que está acontecendo, mas os governantes começam a se preocupar. O rei de Skyllus, o reino da Luz, está apreensivo, pois por algum motivo os acontecimentos recentes despertaram o interesse do reino das Trevas, Asenhar. Se o esconderijo do mago foi mesmo encontrado, de forma alguma as trevas podem encontrar algo tão poderoso. Dyla, a rainha do reino litorâneo Nalim, resolve montar um grupo para enviar até lá e investigar.

"Agora se perguntava, mais do que nunca, quanto os mineradores deram sorte de encontrar aquele esconderijo. Ou azar, já que aquilo havia custado a vida de todos. Aquilo já lhe ocorrera antes, mas será que eles haviam tido sorte ou azar mesmo? Será que um pergaminho poderoso o suficiente para cobrir toda a Caverna Antiga e seus milhares de túneis com sua magia também não seria capaz de influenciar e guiar os mineradores de maneira sutil porém direta até ele?"

Infelizmente, não podem enviar membros importantes e fortes, pois isso atrairia a atenção de Asenhar e poderia iniciar uma guerra. Portanto, ficou decidido que o grupo seria formado por jovens aventureiros e inexperientes, mas fortes. E assim são reunidos os quinze: Damian, meio-elfo feiticeiro, líder do grupo; Reks, meio-dragão guerreiro; Hant, meio-demônio paladino da justiça; Karson, guerreiro; Histran e Mike, lutadores; Hanns, meio-demônio guerreiro de gelo; Kylet, paladino da Luz; Marlin, maga; Mistia, guerreira; Verônica, clériga da Luz; Ylis, clériga da paz; Lóris, princesa da Luz maga e feiticeira; Myat, maga da Luz; e Karedrine, clériga do amor. Apenas uma pequena parte deles sabe realmente o que estão indo fazer, mas todos sabem que será uma aventura maior do que jamais imaginaram.

"— Como acabei de lhe dizer, para tudo existe um motivo... Toda e qualquer criatura, todo e qualquer encontro que você venha a ter com qualquer pessoa em vossa vida, tudo isto não é mera coincidência, sempre há uma razão para tal (...)"

O que não imaginam é que não só o reino das Trevas está interessado em ir até o esconderijo. Nayhan é um mercenário, guerreiro do fogo, que deseja o poder. É capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos, e junto com o clérigo da noite Raven, está disposto a enfrentar ambos os reinos para ter o pergaminho.

"Será que aquilo era justamente o que seu mestre sempre havia lhe dito? Que as pessoas que estão juntas no campo de batalha e enfrentando os perigos e problemas do dia a dia acabam criando laços poderosíssimos, mesmo quando são tão diferentes entre si?"

Personagens e personagens que não acabam mais! Me senti um pouco perdida no começo do livro, quando a cada capítulo um novo nome surgia para mim (e nem sempre dos mais fáceis). Cada um com sua própria história e personalidade, uma nova raça e novos poderes e habilidades, e até um novo deus a quem serve. Pensei que não conseguiria dar conta de lembrar de tudo, mas até que me saí bem. rsrs Felizmente, o autor ajuda bastante e soube relembrar detalhes dos personagens nos momentos certos. Como viram, o grupo da Luz é composto por 15 membros e eu realmente me confundia às vezes, pois ainda teve a adição da dupla de interesseiros e o grupo das Trevas. Mas ao longo da história eles vão se destacando e mostrando sua importância em estar ali. Alguns são mais carismáticos, como Histran; outros são fortes e receberam a minha preferência, como Reks; alguém dá vontade de esganar (Hanns); e outros me conquistaram com um charme surpreendente, como um um certo príncipe que apareceu... Vou demorar horas se for falar de todos os personagens, então leiam e descubram por conta própria. 😉

Achei muito legal a forma como o autor explorou as diversas raças  e os poderes de cada um. Os personagens foram bem construídos. Todos mostraram seu valor na batalha, apesar de eu continuar achando que clérigos não tem lá muita utilidade se não souberem fazer nada além de curar, assim como acho que lutadores não podem ser assim tão fortes. Mas não gosto menos deles por causa disso, pelo contrário, o tempo inteiro ficaram jogando na minha cara que não deveria julgá-los assim. rsrs Além disso, ainda tem os diferentes deuses em que acreditam. São mais de 20, se não me engano, e cada um serve ao deus que prefere, e todos vivem em harmonia, até mesmo os que não são tão "bondosos". A religião não recebe um destaque tão grande quanto eu esperava, mas influencia e muito a personalidade das pessoas.

"'Aquele que pergunta passa por tolo na hora. Aquele que não pergunta é tolo para sempre.'"

O livro é narrado em terceira pessoa e muda de pontos de vista o tempo todo. Os membros do grupo de Nalim tem maior destaque, mas a dupla Nayhan e Raven também são o foco em alguns momentos. Apenas Asenhar que não sabemos como está, a não ser quando se encontra com algum dos outros grupos. Essa troca de pontos de vista também me confundia em alguns momentos, pois eu me perdia na passagem do tempo, principalmente quando eles já estavam pelos túneis da Caverna Antiga dando voltas e voltas. Mas ela é essencial para que possamos conhecer melhor os personagens.

A linguagem utilizada pelo autor é bem simples, diferente da que costumo encontrar nos livros do gênero. Ele usa muitas gírias, principalmente por parte dos personagens mais humildes, e de um modo geral sua escrita é muito fácil. Isso é bom para quem não tem o hábito de ler livros assim, ainda mais tão grandes, porque facilita a fluidez da leitura; mas às vezes eu sentia que não condizia muito com a época em que os personagens deveriam estar.

O enredo criado pelo Manoel é maravilhoso. Ele criou um mundo de RPG que dá muita vontade de recriar, chamar os amigos e jogar! rsrs O livro é repleto de cenas de aventura e ação. Muita ação mesmo! Muitas batalhas e monstros pelo caminho. A descrição minuciosa das lutas nos permite imaginar perfeitamente todos os detalhes do que está acontecendo, e o autor não deixa passar um só golpe, fiquei encantada com isso. Apenas o que não me agradou muito foi como a história era narrada em certos momentos. Não parecia que eu estava lendo um livro, mas sim assistindo a um jogo de video-game. A descrição das habilidades que os personagens tinham e adquiriam ao longo da jornada, parecia que estava mostrando a ficha deles, com as vantagens e desvantagens. O fato de aprenderem novas técnicas por causa dos perigos também me pareceu um pouco artificial, como se eles estivessem ganhando xp até subirem de level. Posso entender que foi a forma que o autor usou para escrever sua história, o que pode agradar muita gente, mas para mim essas coisas precisam ser mais sutis em um livro, para dar maior veracidade ao que está acontecendo. Mesmo em um livro de fantasia eu gosto quando posso enxergar aquilo como realidade. Mas admito que se fosse um jogo, seria incrível! rs E se fosse um filme de ação, ia ficar muito maneiro também.

O livro é bem extenso, a leitura é densa, pois são muitos detalhes para absorver, o que contribuiu (além da minha falta de tempo) na demora para terminar. A diagramação da editora está muito boa, as páginas amarelas são confortáveis para uma leitura grande assim. Mas encontrei vários erros de digitação, acho que a editora deslizou bastante na revisão, mas também nada que incomode demais a leitura. Uma coisa que senti muita falta foi um mapa. Um mundo incrível desse sem um mapa é uma tristeza para mim, que sou péssima em orientação. =/

Por fim, apesar de alguns poréns, a história me agradou bastante e espero que vocês tenham a oportunidade de ler também. Quem adora fantasia, ação, batalhas, aventuras medievais e RPG precisa ler esse livro. 😍 Agora fico aqui no aguardo para a continuação da história desses heróis, pois brechas ficaram abertas e ainda tem alguns segredos que precisamos descobrir! 😄


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