Título: A Máscara do Rei
Autora: Francine Cândido
Páginas: 266
Editora: Arwen
Avaliação: 5/5
Avaliação: 5/5
Esse livro foi o meu escolhido para o primeiro desafio do Projeto Lendo Nacionais, pois o título me deixava extremamente curiosa para ler. A Francine é autora parceira do blog e a Isabela já leu e resenhou a obra (você pode ler a resenha de A Máscara do Rei dela aqui). Desde então, eu estava com muita vontade de ler, já que ela elogiou muito a história e a temática me interessou. É um livro bastante complexo, o que me fez ter muita dificuldade em resenhá-lo. Mas é uma história bem interessante e gostei da leitura.
"(...) — Mas o homem nasceu para guerrear e, quanto mais o faz, mais deseja fazê-lo.
— O Senhor quer dizer que é o certo? — questionou o jovem rapaz. — Que um homem precisa ser forjado com guerra ou não será homem? — O rosto contrariado. Mayer sorriu e baixou a cabeça.
Eldon Vaecaesin é o jovem príncipe de Darastrix e herdeiro do trono do continente de Gan. Seu pai é Svern, um rei amargurado após a morte de sua primeira esposa. Svern se culpa pelo acontecido à sua amada, e, desde que ela se foi, tornou-se distante e frio com seus filhos, Eldon e Leah. Além disso, foi obrigado pela Igreja à casar-se novamente com Sarene, uma mulher bela e sedutora, mas também perigosa e interesseira.
"A pior dor para um homem é o amor perdido e a certeza de que a morte jamais se esquece de alguém."
Darastrix é a Cidade Celeste, que, segundo suas crenças, foi construída por seres celestiais enviados pelo Criador para que o povo tivesse um local onde buscar por redenção. Mas os darastrianos passaram a impedir que os outros povos de Gan fossem até lá. Dessa forma, iniciou-se a guerra com os Vutham, que desejam o domínio da cidade.
Auran Ossalur é o rei dos Vutham. Inicialmente, conquistou a soberania da cidade de Margalus, mas, sendo um exímio guerreiro, também dominou as outras cidades e tornou-se rei único dos Vutham. É um rei jovem, mas já esgotado de tantas guerras e não deseja iniciar mais uma contra os darastrianos. Porém, um rei não governa sozinho, e o que seu povo mais quer é investir contra o exército do rei de Gan e apossar-se da Cidade Celestial. Para evitar receber um golpe e satisfazer o desejo de seus súditos, Auran acaba concordando com a guerra.
"(...) Quem nasceu primeiro, Samar, o homem ou sua sede por conquista?(...) — Ninguém chegou primeiro, meu irmão. Juntos nasceram e juntos irão morrer."
Com a batalha prestes a iniciar, Auran descobre que há um traidor entre os seus. Alguém que se aliou aos perigosos hazans, criaturas sombrias e malignas, que realizam pactos em troca de algo que dê a eles grande benefício. Sem saber quem teve essa audácia e o que ofereceu, Auran decide utilizar as armas produzidas com o letal ferro negro, mas planeja punir severamente o traidor.
Svern é avisado sobre o ferro negro dos hazans e pede auxílio ao Grande Templo para que permita que os Athears, os poderosos Guerreiros do Criador, também lutem ao seu lado, caso contrário a guerra estará perdida. Enquanto isso, Eldon precisa se preparar para quando chegar o momento de assumir o trono. Um príncipe sábio e que pensa no melhor para o povo, sem dúvidas ele será um rei melhor que os anteriores e será autor de grandes feitos.
"— Sabe o que é pior, padre? Ser um rei justo pode levá-lo a destruição."
A história criada pela Francine conta com diversos personagens, mas é difícil se apegar à grande maioria deles. Eldon, sem dúvida, foi quem me conquistou. Ainda uma criança no início do livro, podemos acompanhar seu crescimento, a maturidade e autoridade que ganha com o tempo. Apesar de jovem, tem sabedoria como poucos, e o que mais deseja é a paz e a fartura para seu povo. Conhece os erros que os reis anteriores cometeram, inclusive seu pai, e confia que será um soberano muito melhor no seu tempo. Svern é um homem rancoroso, que já não se preocupa com seu povo nem com a religião, o que traz diversas insatisfações, principalmente da Igreja. Auran é um rei que não deseja a guerra, ele conhece os malefícios que traz, mas é obrigado a aceitá-la para não perder o poder. Também há o comandante Baern, grande amigo de Svern e padrinho de Eldon, que, assim como os outros homens, possui diversos defeitos e comete muitos erros, apesar de tentar fazer a coisa certa. Sarene, a nova esposa de Svern, é insana e cruel. Ela tem sede de poder e nada a satisfaz, principalmente com o péssimo relacionamento que tem com o marido. O padre Mayer é um dos poucos personagens que se salvam. É o mestre de Eldon, um homem correto, que tenta sempre ensinar bons princípios ao menino. Outra personagem de quem gostei, apesar de não ter muito destaque, foi a imperatriz de Aurix, Cealdia, uma mulher forte e decidida.
"Não existe vitória ou derrota, nem mesmo herói ou vilão. Existe apenas a sobrevivência daquele que é mais forte"
Apesar dos personagens terem muitos defeitos, isso também faz com que eles sejam extremamente reais, sobretudo pela época em que se passa a história, por volta do século XII. A autora não romantizou seus personagens, ela criou homens e mulheres com relacionamentos condenáveis, capazes de atitudes repreensíveis para conseguirem o que querem. O enredo conta com traições, intrigas, jogos de poder. Diferente das fantasias que eu costumo ler, os personagens são apenas humanos, e os principais focos são as relações conturbadas, a política e a religião. Podemos encontrar uma leve presença de magia, mas é tão discreta que quase pode ser considerada inexistente. Isso me surpreendeu na história e não consegui definir se é bom ou ruim, apenas diferente. Por ser mais realista, a história não me prendeu tanto quanto eu imaginava, mas é bem interessante.
Como um bom livro de fantasia, tem várias partes descritivas, que explicam sobre a história e geografia do mundo, além do passado dos personagens, mas isso não torna a leitura arrastada nem cansativa. O mundo criado pela Francine é complexo e muito bem construído, mas as explanações sobre ele deixaram um pouco a desejar. Em alguns momentos eu ficava um pouco perdida, principalmente quando se misturava com o que estava acontecendo no presente, sem nenhum tipo de separação. Por ser um mundo intrincado, requer tempo para o leitor se adaptar a ele e às vezes eu sentia falta de uma explicação um pouco mais detalhada.
"E a verdade é o maior incentivador para o homem, é dela que vem sempre uma desculpa para a guerra."
O livro é narrado em terceira pessoa e cada início de capítulo tem o nome do personagem que determina o ponto de vista da vez. A diagramação está ótima, com fonte de tamanho agradável e páginas amareladas. A revisão cometeu alguns deslizes, encontrei vários errinhos ao longo da leitura, mas nada que atrapalhe ou incomode muito. A editora fez um maravilhoso trabalho com os detalhes, como sempre. Cada início de capítulo é lindo e a capa é extremamente significativa.
Detalhes lindos no início de cada capítulo |
Eldon foi inspirado no rei Balduíno IV. Eu não conheço a história dele e não sei dizer o quanto de realidade tem no livro, mas achei muito interessante a autora ter decidido escrever baseando-se em alguém que existiu de verdade. Talvez isso tenha tornado sua história ainda mais verossímil.
Para finalizar, gostei muito da leitura e estou curiosa para saber o desfecho dessa história. Esse livro foi bem introdutório e quero saber o que vai acontecer afinal. Então, se você gosta de fantasias épicas, guerras com cavalos e espadas, política medieval e relações interpessoais, não deixe de ler esse livro. Sem dúvidas irá amar a história.
Para quem quiser saber mais sobre a história, a autora criou um site para o livro muito legal, que contém diversos detalhes sobre o mundo e os personagens. Você também pode adicionar o livro no Skoob.
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