Sangue Quente. Autor: Isaac Marion. Editora: Leya. Páginas: 256.
Sinceramente, li esse livro mais por curiosidade, porque sempre achei mega bizarro a ideia de fazer uma história romântica com um zombie, zombies não são atraentes, eles fedem, são sujos, nojentos.. E, mas tosco ainda foi o cartaz do filme ser uma cópia descarada de Crepúsculo. Mas sei que ambos os livros são direcionados pro mesmo público alvo e tudo o mais...
"Meu amigo M diz que a ironia de ser um zumbi é que tudo é engraçado, mas você não consegue rir, pois seus lábios apodreceram."
Enfim, R é um zombie, um dos mais "conscientes", pois são poucos que ainda conseguem se lembrar da primeira letra de seus nomes. Mas ele não se lembra de muito mais de sua antiga vida, ele entende que as coisas mudaram e está tudo bem assim, afinal comer cérebros é realmente prazeroso. Não exatamente o sabor em si, mas os flashes da vida da pessoa que está tomando. Mas é como se ainda existisse alguma especie de sentimentos dentro dele.
"-Minha mãe dizia que é por isso que temos memorias. E o oposto da memória, a esperança. Assim, as coisas que se foram continuam importando. Assim podemos desconstruir o passado e criar o futuro."
Porém, houve uma mente em especial que ele não consegue se esquecer.. E, é isso que o faz salvar Julie, uma garota problema, seja para humanos ou zombies. E então as coisas começam a mudar para R, ele deixa de ser um morto-vivo e passa a ser mais um meio-vivo. Se lamentando quando tem que se alimentar e questionando sua condição de zombie e até sentindo algumas coisas meio humanas.
"Toda vez que durmo, sei que talvez possa não acordar mais. Como alguém pode achar que vai acordar? Você joga sua pequenina e irreparável mente em um poço sem fundo, e então cruza os dedos e torce para que quando puxar a linha de pesca, ela não tenha sido devorada pelos inúmeros monstros que existem por lá."
Não conseguia deixar de ler esse livro sem imaginar uma grande piada, foi um livro que eu li bem consciente de que era um livro, não teve muito aquele "e se.." Mas depois comecei a entender melhor a história, e na verdade, acredito que o autor não criou simplesmente um zombie que se apaixonou, ele mostrou um forma do corpo lutar contra a infecção do vírus e isso foi gerado em grande parte pelo amor que crescia dentro do personagem. Bonitinho viu?! Teve algumas partes realmente muito toscas, como quando ele fala sobre a rotina dos zombies, com a "igreja e a "escola". Mas também me surpreendi com quotes bem interessantes e algumas questões bem inteligentes, como: você realmente iria querer sobreviver em um mundo apocalíptico ou preferiria morrer? loucura, uh? ou... será que vale a pena amar em um mundo assim, onde a vida é tão frágil...
"-Todas as merdas que as pessoas fazem com elas mesmas... pode ser tudo por causa da mesma coisa,sabia? apenas um jeito de afogar a própria voz. Matar suas memorias sem ter que se matar."
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