Cheiro de livro novo: O Temor do Sábio

Título: O Temor do Sábio
Autor: Patrick Rothfuss
Páginas: 960
Editora: Arqueiro
Série: A Crônica do Matador do Rei (Segundo Dia)
Próximo: As Portas de Pedra


Depois de ficar completamente apaixonada por O Nome do Vento, fui logo pegando a continuação para ler, mesmo sabendo que demoraria mais do que gostaria para terminar, já que minhas aulas tinham voltado e esse livro não é lá muito pequenininho... rsrs Demorei ainda mais do que esperava, ao ponto de começar a ficar impaciente por não chegar logo ao fim, e acabei nem ficando com uma ressaca tão grande quanto imaginava. Mas devo dizer que o autor conseguiu escrever um segundo livro tão brilhante quanto o primeiro, e acho que comentar em detalhes com meu namorado tudo o que ia acontecendo me ajudou a superar mais rapidamente o término do segundo dia. E agora sou mais uma ansiosa aguardando o fim dessa história! *-*


Kvothe prossegue com sua história nesse segundo dia, exatamente de onde havia parado. A vida está um pouquinho mais estável na Universidade. Ele está aonde sempre quis, tem bons amigos, um lugar para comer e dormir, um alaúde, uma pequena fonte de renda e alguns (des)encontros com Denna. Apesar da constante dificuldade em sustentar-se, tudo tem dado relativamente certo para ele. A exceção à regra é Ambrose. A rivalidade entre eles está longe de acabar, e Ambrose é um inimigo muito poderoso para se ter.
"Amamos aquilo que amamos. A razão não entra nisso. Sob muitos aspectos, o amor insensato é o mais verdadeiro. Qualquer um pode amar uma coisa por causa de. É tão fácil quanto pôr um vintém no bolso. Mas amar algo apesar de, conhecer suas falhas e amá-las também, isso é raro, puro e perfeito."
Quando as coisas começam a desandar, Kvothe acaba sendo convencido de que é melhor dar um tempo nos estudos. Mas sem a Universidade, o que mais ele poderia fazer da vida? E se ele tirasse umas férias, será que conseguiria retornar?
Sua sorte parece favorável quando recebe um convite para se apresentar à corte do maer Alveron. Na esperança de finalmente conseguir um patrocinador para sua música, viaja por meio mundo. É então que todo conhecimento e habilidade que adquiriu durante sua vida começam a ser postos à prova.
"— Porque você é ansioso demais para ter a paciência adequada — disse ele, com ar atrevido. — É orgulhoso demais para ouvir como convém. E é inteligente demais. Essa é a pior parte."
Kvothe precisa usar sua inteligência e boa aparência para conquistar a confiança do maer, ao mesmo tempo em que não pode permitir que os nobres conheçam sua origem humilde. Mas quando ele parece estar cumprindo seu objetivo, recebe a ordem de liderar um grupo de mercenários para combater bandidos que estão atacando os coletores de impostos. Apesar de saber se virar em qualquer situação, isso é totalmente novo para ele, já que não sabe lutar e não tem ideia do que fazer quando encontrar os bandidos, quanto mais como liderar pessoas experientes nesse assunto.
"— Nomes — disse Dal com firmeza e retirou a mão do fogo. Estava suja de cinzas esbranquiçadas, porém perfeitamente intacta. — Os nomes refletem a verdadeira compreensão de algo e, quando você realmente compreende uma coisa, exerce poder sobre ela."
Em suas caminhadas pela floresta, acaba entrando na terra dos Encantados, aonde encontra Feluriana, a mulher mais linda e irresistível do mundo, que seduz os homens e depois os mata ou deixa-os loucos. Como Kvothe poderá sair ileso?
Buscando novos conhecimentos, também irá até Ademre, um lugar cuja cultura é muito diferente de qualquer outro dos Quatro Cantos, aonde aprenderá a lutar com os melhores.
"— São as perguntas que não sabemos responder que mais nos ensinam. Elas nos ensinam a pensar. Se você dá uma resposta a um homem, tudo o que ele ganha é um fato qualquer. Mas, se você lhe der uma pergunta, ele procurará suas próprias respostas. (...) Assim, quando ele encontrar as respostas — continuei —, elas lhe serão preciosas. Quanto mais difícil a pergunta, com mais empenho procuramos a resposta. Quanto mais a procuramos, mais aprendemos."
Apesar de parecer distante de conseguir informações concretas sobre o Chandriano e os Amyr, em cada uma de suas aventuras ele descobre um pouquinho mais sobre a verdade por trás das histórias. E a cada nova situação, torna-se mais poderoso, e suas próprias histórias se espalham pelo mundo, fazendo com que sofra as consequências por transformar-se em uma lenda.
Enquanto isso, coisas estranhas também estão acontecendo no presente, na hospedaria Marco do Percurso. O que está houve com o mundo atualmente? E por que Kote se esconde, por que diz ser culpado pelos acontecimentos?

"Diz Teccam que é melhor ter a boca cheia de veneno que um segredo no coração. Qualquer idiota é capaz de cuspir o veneno, diz ele, mas nós guardamos esses tesouros dolorosos. Engolimos em seco todos os dias para contê-los, empurrando-os para baixo, para nossas entranhas mais recônditas. Lá eles permanecem, ganhando peso, supurando. Com o tempo, não há como deixarem de esmagar o coração que os contém."
Esse livro ainda é cheio de perguntas sem respostas. Praticamente não descobri nada. Quer dizer, aprendi muitas coisas sobre o mundo, descobri como Kvothe aprendeu diversas coisas e conheci mais sobre suas muitas aventuras. Mas aquelas respostas que buscamos desde o primeiro livro, definitivamente não são encontradas nesse. As perguntas e a ansiedade para saber como tudo convergiu nesse final que já é conhecido só aumentam.
Kvothe amadurece muito nessa história. Em suas viagens pelo mundo e a cada nova situação que enfrenta, é possível perceber a mudança de menino para homem. Suas qualidades são bem destacadas, mas seus defeitos também ficam evidentes. Em alguns momentos ele me deixou realmente irritada com suas decisões. Mas depois ele sempre conseguia aprender alguma coisa importante com a situação e eu acabava percebendo que ele não tinha feito nada de errado afinal. E apesar de ser muito orgulhoso, convencido e um pouco cabeça-dura, ele ainda é fofo e esperto demais. Também continua sendo a pessoa mais sortuda e ao mesmo tempo mais azarada que existe, mas já aprendeu como tirar o melhor proveito em cada caso. Como já estava completamente envolvida com o personagem e a história, dessa vez as sensações foram muito mais intensas. Quando eu me irritava, me irritava muito, tendo até que parar de ler por um tempinho. Em outros momentos, ficava bem triste e abalada. Em outros, ficava totalmente feliz e sorridente. É incrível como um livro pode mexer tanto com nosso humor. haha
Mesmo parecendo que, embora seja enorme, o livro não soluciona mistério nenhum, isso não é verdade. Pode-se perceber que as pontas estão começando a se unir e que falta pouco para as conclusões serem reveladas. Existem inúmeras teorias sobre a história e eu já tenho aquelas em que acredito. Mas isso é um assunto muito extenso e seria necessária pelo menos uma postagem só para isso. Agora só resta aguardar pelo terceiro e último volume da série e torcer para o autor nos maravilhar com o final de tudo (publica esse livro logo Pat! E por favor, não frustre nossas expectativas! xD). E lembre-se "
Toda a verdade do mundo está contida nas histórias, você sabe." ;)

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