O Doador #1. Autor: Lois Lory. Editora: Arqueiro. Páginas: 192. Comecei a ler esse livro após assistir o filme. Eu estava bem animada porque gostei bastante do longa e, apesar, de ter notado algumas diferenças entre os dois, o livro não me decepcionou.
Dezembro se aproxima e Jonas está cada dia mais ansioso com sua cerimônia dos doze, é nela que as crianças são designadas a uma profissão e ele não faz ideia de qual será a função que receberá. Pois apesar de já ter participado de diversas atividades diferentes na comunidade, não teve nenhuma com a qual ele tenha se identificado a ponto de querer fazê-la pelo resto da vida. Mas os anciãos não costumam errar, eles observavam cada cidadão desde o início da vida e assim escolhem as atribuições adequadas para cada um.
"-O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão. As lembranças precisam ser partilhadas."
Sua mãe é uma espécie de juíza. Seu pai é um criador de crianças novas, ele cuida delas até que sejam encaminhadas a uma família, porque apenas poucas mulheres são escolhidas para serem mães biológicas, não existe intimidade sexual nesse mundo idealizado. Foi assim que seu pai levou Gabe para casa. Gabriel é uma criança nova, mas ele não tem apresentado o desenvolvimento esperado e seu pai resolve levá-lo para casa durante as noites, já que as equipes de criadores noturnas não são muito boas, com esperança de que ele se desenvolva melhor em um ambiente familiar.
Quando chega a tão esperada cerimônia, Jonas recebe a honraria de ser o novo Guardião de Memórias. Ele irá receber do atual guardião, todo tipo de lembranças e emoções do passado, desde a guerra mais sangrenta, à festa mais feliz, e, assim possuirá sabedoria para aconselhar os anciãos ao mesmo tempo em que poupará a sociedade da dor causada por essas memórias. Pois, a sociedade em que Jonas vive não precisa se preocupar com coisas como: sofrimento, medo, violência, pré-conceitos ou tristeza. Porém, em compensação, eles também não possuem amor, alegria, ou mesmo cor.
“-Eu me senti triste hoje-, ouvira sua mãe dizer, e eles a consolaram. Mas Jonas experimentara tristeza de verdade. Sentira um grande pesar. E sabia que não havia consolo rápido para emoções assim. Eram mais profundas e não precisavam ser expressadas. Eram sentidas."
Mas, com o inicio do seu treinamento, Jonas começa a enxergar a frieza e o egoismo incrustados na sua sociedade e a questionar se a mundo realmente se tornou melhor sem as lembranças que ele carrega. Esses sentimentos começam a crescer dentro de si e ele precisa decidir se vai continuar vivendo na segurança e "mesmice" em que está acostumado ou se tentará intervir de alguma forma. Jonas é um personagem forte, teimoso e decidido, ele não desiste dos seus objetivos. Gostei muito da Lilly também, irmã dele, mesmo que seja apenas uma criança, ela é muito fofa e autêntica. Acho que os seus amigos, Fiona e Asher poderiam ter sido mais desenvolvidos, Jonas demonstrava ter um carinho muito grande por eles, mas eles não tiveram uma participação muito relevante na história.
"Agora, autorizado a fazer perguntas da maior descortesia – e receber respostas –, ele poderia, supostamente (embora fosse algo quase inimaginável), perguntar a alguém, a algum adulto, seu pai, talvez: 'Você mente?' Mas não teria como saber se a resposta seria verdade."
Achei curioso o fato do nome do livro ser "O Doador" e não "O Recebedor de Memórias" ou "O Guardião de Memórias" já que o personagem principal é Jonas, não o doador. Mas, ao término do livro eu concordei com a escolha do título. O livro traz reflexões profundas, ele questiona coisas como o fato de nós precisarmos nos defender de nós mesmos. Além disso, os governantes, controlam as massas de forma um pouco autoritária, mas eles realmente acreditam estar fazendo o melhor para a população. O final é um tanto quanto instigante e deixa muitas possibilidades no ar, eu estava ansiosa para saber o que viria a seguir, mas então descobri que os próximos livros da série não são exatamente uma continuação e tem personagens e cenários diferentes. Confesso que fiquei um pouco frustrada, mas, ao que parece, os protagonistas se encontrarão em algum momento da história, então, no fim, talvez a gente saiba o que aconteceu com Jonas, Gabriel e a sua cidade.
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