Pseudônimo Mr. Queen. Autora: Loraine Pivatto. Páginas: 404. Esse livro chegou até mim através de um BookTour. A autora é muito simpática e ainda estava contatando blogueiros para participar do BT. Então, se quiser participar, mande um e-mail para ela, de repente ainda há vagas.
"-Não deixe nunca que a sua felicidade seja dependente de nada e nem de ninguém. Seja simplesmente feliz por estar viva. Nenhuma pessoa no mundo, além de você, pode ser responsável por sua alegria."
É dia vinte um de dezembro de dois mil e doze e a profecia maia acaba de se cumprir. Algumas pessoas acordam em um grande ginásio, após sonharem com um mundo ideal, sem mortes ou doenças. Através do sonho lhes foi revelado que elas viverão ate os setenta anos e então terão uma nova vida, dos vinte aos oitenta. Cento e cinquenta anos no total. Imagine um jovem de vinte anos com todas as experiências e conhecimentos acumulados durante setenta anos e uma oportunidade unica de recomeçar, viver novos sonhos, novos amores, ou reviver um velho amor, a oportunidade de uma nova vida. A nova sociedade é então organizada de forma igualitária, são construídas habitações padrões para os habitantes e a moeda e a iniciativa privada são extintas. O governo passou a proporcionar o sustento dos habitantes em troca de trinta horas semanais de trabalho.
Regina é uma mulher de 45 anos, e apesar de ser presidente de uma grande empresa farmacêutica, está longe de viver a vida que sempre sonhou. Mas ela foi uma das escolhidas para integrar a população do novo mundo e, diferente dos outros, nos sonhos em que teve, ela viu que existia uma forma de morrer, mas esse segredo precisava ser guardado para manter a humanidade a salvo. Então, Regina conhece Lúcia, uma mulher com habilidade de ver objetos do mundo pró-apocalíptico. Pois, tudo que fugia aos padrões pré estabelecidos simplesmente desaparecia, como em um passe de mágica, alguns tentaram construir grandes prédios de luxo, mas no dia seguinte eles não estavam mais lá e, por fim, todos tiveram que se contentar com as instalações padrões. Lúcia podia ver os antigos arranha céus e todo tipo de coisa que existia antes. Assim, as duas mulheres seguem os seus dias com a missão de guardar o segredo da morte. E não é surpresa nenhuma quando a neta de Regina e o filho de Lúcia se tornam amigos. Larissa, Cristiano e seus amigos: Júnior, Cecília e Paulinho também se tornam protagonistas dessa história.
"[...]Regina chegava à conclusão de que a humanidade continuava completamente equivocada quando dizia que os indivíduos precisavam aumentar a autoestima. Falta de autoestima? Ledo engano! O problema era exatamente o oposto. Desde o mundo anterior os homens sofriam de um excesso de autoestima descabido e depurado. Uma autoestima tão vergonhosamente elevada que não tinham mais noção do bom senso. E o valor da vida, perdido em alguma esquina qualquer da corrida pelo sucesso, a famosa win win situation, e dane-se o resto. Pessoas simplesmente não se sentiam mais capazes de perder, de sofrer rejeições , nem mesmo de serem contrariadas."
Mas, as pessoas precisavam criar um modo de sobressaírem e, segundo eles, valorizar os que eram mais dedicados e alcançavam maiores resultados. Assim surgiu o sistema de pontuação. Começou primeiro no meio artístico, mas logo alcançou toda a população, as pessoas eram avaliadas anualmente por uma equipe do governo tanto com relação a saúde, desenvolvimento profissional, emocional, físico e tudo o mais. E assim o mundo se segmentava mais uma vez.
"...pela primeira vez Larissa olhava para o seu pulso, lia a etiqueta e sentia, literalmente na pele, o significado daquele valor impresso. Ela analisava mentalmente os quesitos que a levaram àquela pontuação e era obrigada a concordar que, infelizmente, para os atuais padrões sociais, estava em promoção."
Confesso que não estava com muitas expectativas para essa leitura, porque apesar de eu amar distopias, a sinopse apresentava um cenário muito irreal e eu simplesmente não sabia o que esperar. De fato, o novo mundo descrito por Loraine é um pouco louco e eu levei um tempo para me acostumar. Mas, depois disso, a leitura fluiu com facilidade. Muitas coisas acontecem no livro, que é uma verdadeira novela. Cheio de intrigas, reviravoltas e acho que se fosse adaptado para o cinema, não bastaria um filme, ficaria melhor numa série televisiva. Além disso, a autora traz questionamentos bastante interessantes, para não dizer inteligentes, ela fala sobre caráter, mídias sociais, formas de governo, depressão e muitos outros assuntos.
"-Não há sistema de governo que sobreviva à podridão de caráter de seus administradores. Enquanto as pessoas não pararem de visar seus interesses pessoais e passarem a olhar para o bem coletivo, que em sua última instância é a vida humana, nenhuma forma de governo será bem sucedida. Em qualquer regime onde haja corrupção e distorção de poder o povo será penalizado."
Loraine criou personagens fortes e cheios de personalidade e eles são bem reais, cheios de defeitos. São muitos personagens, e talvez você se sinta um pouco perdido no início, mas logo se habituará a cada um deles. Acompanhamos a família de Regina até a quarta geração e as vezes eu me perguntava onde a autora estava querendo chegar, não porque estava ruim, mas por tanto tempo já ter se passado. Entretanto, as coisas se encaixaram perfeitamente no final, o que me deixou bastante satisfeita, pois mostrou como o livro todo foi bem construído. O livro é grande, não é um daqueles livros para ser lido numa sentada só, mas vale a pena!
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