O objetivo dessa coluna é conversar um pouco mais sobre as problemáticas abordadas em livros, porque acreditamos que os autores não as colocam lá apenas para dar movimento ou ação às suas histórias, mas para nos fazerem refletir e talvez até agir de alguma forma. Queremos instigá-los a pensar, mas sem nos prendermos apenas aos problemas. Quero que possa ser mais do que isso, desafiá-los a pensar em possíveis soluções. Se quiser copiar, dê os créditos.
Quem leu a minha resenha de Inferno sabe que adorei a história. Enquanto eu lia, logo comecei a pensar no quanto estavam sendo expostos assuntos nos quais deveríamos pensar mais seriamente, que não dariam para ser comentados apenas na resenha, então resolvi fazer um Pare e Pense aqui no blog e com o filme perto de lançar nos cinemas, fiquei mais motivada a publicar. Na minha opinião, esse foi o melhor livro do Dan Brown. E foi o que mais me fez refletir também. Decidi então dividir um pouquinho das minhas conjecturas com vocês e quero saber o que pensam sobre o assunto também. ;)
“— Complicado? ― ele interrompeu. ― Não é, não! Nada poderia ser mais simples. Se quisermos ter mais água potável per capita, precisamos de menos gente no mundo. Se quisermos diminuir as emissões de gases poluentes por veículos automotores, precisamos de menos motoristas. Se quisermos que os oceanos consigam repor seus cardumes, precisamos de menos gente comendo peixe! (...) Abra os olhos! Estamos à beira do fim da humanidade e o que nossos líderes mundiais fazem é ficar sentados em seus gabinetes encomendando estudos sobre energia solar, reciclagem e carros híbridos?”
A primeira questão importante e que mais chama a atenção ao
longo do livro é a superpopulação humana. Todos sabem que a população mundial
deu um salto enorme em poucos anos e que estamos atingindo um limite perigoso
para o planeta. Se a população continuar aumentando, em pouco tempo os recursos
naturais da Terra se esgotarão e haverá disputas por coisas básicas, como
comida e água. Nós sabemos que os recursos são limitados, por isso há tantas
discussões para se tentar descobrir o melhor jeito de lidar com essa questão,
para economizar, evitar o desperdício, reciclar, etc. Mas o ponto principal
disso tudo e que não é realmente analisado é que, enquanto existirem tantos
humanos, o planeta não poderá nos sustentar por muito mais tempo. É em torno
disso que gira a história.

“―Em circunstâncias normais, o processo evolutivo leva milênios para acontecer (...). Mas agora podemos realizar adaptações genéticas radicais em uma única geração. (...) O problema é que nossa estrutura genética é como um castelo de cartas: todos os elementos estão interconectados e se sustentam mutuamente, muitas vezes de maneiras que não compreendemos. Se tentarmos eliminar um único traço humano que seja, podemos levar centenas de outros a se modificarem ao mesmo tempo, talvez com consequências catastróficas.”
A outra questão que mexeu com meus nervos foi a evolução da
engenharia genética. Sem dúvidas é uma tecnologia fantástica, mas ao mesmo
tempo muito assustadora. É algo que pode trazer inúmeros benefícios, mas nas
mãos erradas pode causar muito dano. O maior problema é que, inevitavelmente,
as novas tecnologias sempre são usadas tanto para o bem quanto para o mal.
Porém, o maior dilema envolvido nisso é o uso da engenharia
genética para o aperfeiçoamento de nossa própria espécie. Brincar com os genes
é extremamente perigoso, a biologia é uma ciência delicada demais e impossível
de ser totalmente compreendida. Não podemos prever os resultados que as
alterações no genoma humano poderiam causar. Claro que seria maravilhoso se
todas as crianças já nascessem imunes a diversas doenças, a busca incessante de
nossa espécie é pela cura de todas as enfermidades, mas acredito que alterar os
genes causaria muito mais anomalias do que benefícios. A evolução ocorre de
forma lenta e gradativa, em geral provocando mais danos do que mudanças
favoráveis para as espécies.
“(...) a legalização dos aprimoramentos genéticos logo criaria um mundo de favorecidos e desfavorecidos. Nós já temos um abismo cada vez maior entre ricos e pobres, mas a engenharia genética criaria uma raça de super-humanos e de... supostos sub-humanos. A senhora acha que as pessoas estão preocupadas com o um por cento de ultrarricos que manda no mundo? Imagine se esse um por cento fosse também, literalmente, uma espécie superior: mais inteligente, mais forte, mais saudável. É o tipo de contexto perfeito para a escravidão ou a limpeza étnica.”

Finalizando, eu sei que as probabilidades de acontecer algo
parecido com o que o livro traz são bem baixas, mas levantou assuntos
importantes que achei legal discutir. Mesmo que pareça estar ainda muito
distante de atingirmos o limite do planeta, ou de avançarmos tanto na ciência,
precisamos estar sempre atentos a essas questões. Pensar que nossos governos
manterão tudo sob controle se as coisas começarem a desandar é tolice. Enfim,
são assuntos muitos extensos e nem em uma postagem exclusiva para isso é
possível debater todas as possibilidades. Agora eu queria saber a opinião de
mais alguém sobre eles. =)
“(...) Ao longo de toda a história da humanidade, todas as tecnologias inovadoras desenvolvidas pela ciência foram transformadas em armas, do simples fogo à energia nuclear, e quase sempre pelas mãos de governos poderosos. De onde você acha que vêm nossas armas biológicas? Elas são criadas a partir de pesquisas realizadas em lugares como a OMS e o CDC.”
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