Autora: Fabiane Ribeiro
Páginas: 400
Editora: Universo dos Livros
Avaliação: 4/5
Páginas: 400
Editora: Universo dos Livros
Avaliação: 4/5
Escolhi ler esse livro para o desafio "um gênero que você nunca leu ou pouco lê" do Projeto Lendo Nacional. O livro trouxe alguns conceitos espíritas em que eu não acredito, uma vez que a minha fé é baseada em Cristo. Na verdade esse é o principal motivo pelo qual eu não gosto de ler livros sobre anjos. Pois, em geral, eles romantizam anjos caídos, (que, na verdade, não passam de demônios), ou trazem uma ideia espiritualizada de que as pessoas boas se tornam anjos ao morrerem, passando então a zelarem pelos vivos. E, ambas as alternativas me incomodam. Entretanto, essa foi uma leitura agradável, daquelas que nos emocionam e inspiram.
Os pais de Anny veem a filha apenas aos sábados, pois passam a semana inteira viajando e no domingo começam os preparativos para a nova semana de trabalho. A menina tem apenas oito anos de idade e ama os pais do fundo do seu coração. Ela está sempre contando os segundos para que o sábado seguinte chegue com a maior rapidez possível. Então, o seu mundo desaba quando eles lhe contam que também não poderão vê-la aos finais de semana, ela passará a morar com a professora Jane, que continuará lhe ensinando em casa e eles lhe visitarão uma vez por ano(!). Como se não bastasse ter sofrido uma perda dessa magnitude, ela passa a ser vítima de constantes agressões da Sra Jane, que a trata como uma empregada, além de lhe bater quando a menina faz algo que a desagrada e de racionar a sua comida. Mas, nada abala a força e alegria de Anny, que espera ansiosa pelo dia em que os pais retornarão para vê-la.
"Após o primeiro reencontro com meus pais, aprendi algo muito importante. Vou dividir o aprendizado com você, meu amigo: nossa casa é onde estão aqueles que amamos; é lá também que está o nosso coração, em nosso verdadeiro lar. "
Jogando Xadrez com Anjos em muito me lembrou da história de Pollyanna, de Eleanor Porter, que conta a história de uma pequena menina que foi morar com a tia megera, após ficar órfã. Mas, ela sempre buscava ver o lado positivo das situações em que vivia e acabava por conquistar todos ao seu redor. Anny também tem essas características. Apesar se muito nova, ela é muito madura e aprendeu a ver a vida com outros olhos, acredita que Deus está no controle de todas coisas e não deixa que nenhuma circunstância lhe tire a paz. Ela faz o bem sem olhar a quem e tem uma incrível capacidade de amar e perdoar. E, contra todas as possibilidades, ela acaba por fazer amigos valiosos que a protegem e lhe incentivam a continuar sendo a doce menina que é.
"-O amor está mesmo presente em tudo, apesar de ser algo tão difícil. Ele controla tudo e a todos. Ele que faz o sol nascer todos os dias, o vento soprar e o tempo escorrer suavemente... Bem, pelo menos é assim que deveria ser. Eu penso que é isso o que Papai do Céu espera de nós, que encontremos o amor em tudo - ela disse para si mesma."
Mas, por mais que essas atitudes nos inspirem a ser melhores de forma a não nos afundarmos diante dos problemas que ocasionalmente nos sobrevém, Anny viveu uma situação de abusos que muito mais do que justificada, precisava ser interrompida. Ela possuía uma compreensão infinita a respeito de tudo e todos, mas me pergunto ate que ponto isso é uma qualidade. E, nesse ponto, fiquei um tanto quanto incomodada com seu sofrimento, e estava esperando que seus amigos fossem mais severos ao lidarem com isso. O seu pai, Jefferson, vive constantemente atormentado por um sentimento de culpa, tanto por estar sempre distante da filha que ama, fazendo a sofrer por conta disso, quanto por conta da vida que escolheu viver. Já Cindy, mãe de Anny, parece tolerar a menina apenas por amor e respeito ao marido, sem realmente se importar muito com a sua ausência ou bem estar. Não há muito o que dizer sobre o Jane, além de que, eu não consigo conceber como podem existir pessoas capazes de tamanha maldade.
"Nada é impossível, nada é difícil o bastante, nós que dificultamos tudo com nossas palavras amargas e nossos corações fechados. É importante nunca perder a esperança e jamais, jamais deixar de acreditar. Quando tudo está contra nós e as chances parecem não surgir, aí é hora de lutar. E é nesses momentos que as grandes conquistas são alcançadas."
A leitura é bastante fluída e tem alguns pequenos mistérios que rondam a história como a profissão de seus pais e o passado do seu amigo Pepeu ou o de Hermes. Mesmo eu, que não sou a maior admiradora do gênero, me envolvi com a história, que em nenhum momento se tornou cansativa. O livro é narrado em terceira pessoa e temos três "cenários" principais: a casa de Jane, os sonhos de Anny e o o trabalho de seus pais. Apesar de todo o sofrimento pelo qual passa, a forma como Anny lida com tudo que lhe acontece, não deixa com que a história fique pesada e eu fiquei satisfeita com o seu desfecho, pois, vemos a menina se tornar mulher e seguir o seu próprio caminho.
"Uma escolha sempre gera um ganho e uma perda, por isso devemos pesar os dois lados em uma balança, para decidirmos o que é melhor para nós. Eu aprendi também que ser feliz não é ter tudo o que se quer. É lutar, às vezes perder, às vezes ganhar, mas sempre seguindo o coração."
Nenhum comentário:
Postar um comentário