Série: O Doador de Memórias # 2
Autora: Lois Lowry
Páginas: 192
Editora: Arqueiro
Avaliação: 4/5
Apesar de A Escolhida ser o segundo livro da serie iniciada com O Doador de Memórias, eles não tem qualquer tipo de ligação entre si. Cada um tem a seu próprio cenário e personagens. Mas, ao que tudo indica, as histórias irão de encontrar em algum momento e eu estou aguardando a hora em que isso irá acontecer.
Kira acabou de perder a sua mãe, o que lhe tornou órfã, já que seu pai faleceu antes mesmo dela nascer, em uma caçada. Diante disso, algumas mulheres da pequena cidade se levantam contra ela, querendo lhe tomar seu terreno, alegando que por a jovem ser deficiente não sera útil para a comunidade. Mas, os conselheiros da cidade não concordam com tais argumentos e lhe dão uma função especial. Kira irá reformar a túnica do cantor e depois será responsável por completar as partes que ainda não foram bordadas, definindo assim o futuro da cidade. Acontece que a túnica conta toda a história do povo de Kira e o cantor é responsável por cantá-la na celebração anual para que ninguém se esqueça de tudo o que eles vivenciaram até chegarem onde estão.
"Tremeu levemente de medo. O medo sempre fizera parte da vida das pessoas. Por causa do medo, elas construíram abrigos, buscavam comidas e plantavam hortas. Pelo mesmo motivos armazenavam armas, precavidas. Havia o medo do frio, da doença, da fome, das feras. E foi o medo que a impulsionou naquele momento, apoiada em seu cajado."
A tarefa de Kira não é fácil, mas ela fica muito honrada por recebê-la apesar de não se sentir totalmente capaz de realiza-la. Kira sempre sofreu com o pré conceito das pessoas que viviam ao seu redor, o que o tornou uma pessoa bastante insegura. Inclusive, tentaram levá-la quando nasceu, mas sua mãe não deixou que isso acontecesse e a protegeu. Porém, logo ela começa a ganhar confiança nas suas habilidades e também desconfiança das pessoas ao seu redor. Ela percebe que nem tudo é tão perfeito e colorido como os bordados da túnica que ela deve reformar e que há pessoas que podem ser bastante perigosas. Mas, Kira também faz amizades valiosas e logo conhecemos Thomas, o carpinteiro, o jovem Matt e o seu fiel escudeiro, o cãozinho Toquinho. Max é um menino muito teimoso. Ele se vira do jeito que pode para fazer as coisas que deseja, está acostumado a uma vida muito simples e está sempre esfomeado. Thomas é um homem muito simpático e prestativo, ele também é órfão e possui um dom muito especial, como Kira.
"Ninguém desejaria Kira. Ninguém jamais a havia desejado, a não ser sua mãe."
A leitura é fácil, os personagens são muito cativantes e rapidamente Lois nos apresenta uma nova comunidade, em que existem pessoas boas e más e, mais uma vez, vemos o que uma pessoa pode fazer para conseguir o que deseja e saciar a sua sede por poder. A história nos leva a algumas reflexões e também podemos observar semelhanças entre o enredo desse e o do primeiro livro, como o descarte daqueles que são considerados fracos e inúteis. O segundo volume da série também não termina de forma definitiva, apesar de trazer grandes revelações, o que só nos deixa mais ansiosos para o momento em que tudo finalmente irá se resolver. A sensação que tenho é que Lois está se complicando cada vez mais ao contar tantas histórias sem finalizá-las e que terá um desafio ainda maior quando for a hora de fazer isso.
"-Orgulhe-se da sua dor- dizia a sua mãe- Você é mais forte do que aqueles que não sentem dor alguma."
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