Título: Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently
Autor: Douglas Adams
Páginas: 240
Editora: Arqueiro
Série: Dirk Gently #1
Próximo: A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma
Avaliação: 5/5
Eu adoro O Guia do Mochileiro das Galáxias e quando soube que a Arqueiro iria lançar mais uma série do Douglas Adams, fiquei super curiosa. Parecia ser um livro tão louco quanto o Guia é, e acabei comprando na penúltima Bienal que fui. O livro ficou meio abandonado na minha estante por um tempo, já que sempre passava outros na frente, mas decidi que do ano passado não poderia passar. Foi o último livro que peguei para ler, mas só terminei em janeiro. E não me arrependi da aquisição.
Eu adoro O Guia do Mochileiro das Galáxias e quando soube que a Arqueiro iria lançar mais uma série do Douglas Adams, fiquei super curiosa. Parecia ser um livro tão louco quanto o Guia é, e acabei comprando na penúltima Bienal que fui. O livro ficou meio abandonado na minha estante por um tempo, já que sempre passava outros na frente, mas decidi que do ano passado não poderia passar. Foi o último livro que peguei para ler, mas só terminei em janeiro. E não me arrependi da aquisição.
"— Você pode dizer o que quiser sobre as pessoas, mas uma coisa é certa: elas estão cada vez mais estranhas."
Dirk Gently é o protagonista dessa história. Ou, pelo menos, deveria ser. No entando, demoramos para encontrá-lo, mas vamos conhecendo sua inusitada pessoa pelo ponto de vista de Richard MacDuff.
Richard é um homem com uma rotina comum. Ele trabalha fazendo programas de computador para a empresa WayForward Technologies, de Gordon Way, que é seu chefe e também irmão da sua namorada, Susan. Gordon é um homem exigente e está pegando no pé de Richard, pois ele tem um projeto bem importante para a empresa para concluir. Mas Richard está enrolando para terminar e acaba não tendo tanto tempo quanto gostaria para dedicar ao seu relacionamento com Susan.
"A única coisa que realmente se machuca quando tentamos mudar o tempo somos nós mesmos."
Até que, em um impulso, Richard deixa uma mensagem na secretária eletrônica de Susan, mas se arrepende do que disse. Então ele tem a ideia mais lógica do mundo: resolve escalar o prédio dela, entrar escondido e roubar a fita, assim ela não vai ouvir o que ele disse e tudo fica certo. Ele só não esperava que seu velho amigo, Dirk, a quem não via há anos, estava coincidentemente olhando pela janela naquele momento, e observou a atitude estranha que Richard tomou.
"Coincidências podem ser muito assustadoras e perigosas."
Outra coisa que não entrava nos planos de Richard é que seu chefe e irmão de Susan seria assassinado justamente naquela noite. E a última mensagem deixada por ele foi logo na secretária eletrônica da irmã. Pode-se dizer que Richard provavelmente terá problemas com a polícia. Então Dirk, que agora é detetive particular em sua própria agência de investigações, resolve dar as caras e ajudar o antigo amigo a sair dessa encrenca. Mas a forma como Dirk soluciona seus casos é um tanto inusitada, e Richard não tem muita certeza de que essa é sua melhor opção.
"— (...) O termo 'holístico' se refere à minha convicção de que devemos nos concentrar na interconexão fundamental de todas as coisas. Não estou interessado em trivialidades, como impressões digitais, fiapos de tecido reveladores ou pegadas inúteis e, sim, no fato de que a solução para qualquer problema pode ser encontrada na maneira como se configura e se entrelaça o todo. As conexões entre causa e efeito são geralmente mais sutis e complexas do que poderíamos supor com nossa compreensão rudimentar do mundo físico."
Dirk é um cara louco. Muito louco. Não tem nenhuma descrição melhor. Num livro que consegue interligar o gato de Schrödinger, um sofá, fantasmas, música, aliens, máquinas do tempo, um assassinato e um monge eletrônico ("o que diabos é isso?", você deve estar se perguntando), ele é o protagonista perfeito. Tenho certeza de que nunca existiu um detetive como ele. Richard é um cara comum, com problemas comuns, como um trabalho cansativo, um relacionamento conturbado e um sofá que ficou preso na passagem da escada. Susan é uma pessoa simpática, mas que tem alguns problemas com o trabalho do namorado, principalmente porque o chefe dele é seu irmão. Queria que ela tivesse aparecido mais na história. O monge eletrônico é um ser criado para acreditar (acreditar de verdade, com todas as forças, viver crendo naquilo) em todas as coisas que as pessoas simplesmente estão com preguiça de crer. Também existem outros personagens importantes, como Gordon Way, o professor Reg e Michael, mas não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa.
"— Se o Universo acabasse todas as vezes que houvesse alguma incerteza quanto ao que aconteceu nele, nunca teria passado do primeiro picossegundo. E muitos universos não passam, é claro. (...) Isso não quer dizer que, se você deparar com um paradoxo, algumas coisas não lhe parecerão muito estranhas, mas, se você ainda não passou por isso uma vez na vida, então não sei em que Universo tem vivido, mas não foi neste."
Pela descrição dos personagens, você deve ter pensado "esse livro não faz o menor sentido". Mas o pior (ou melhor, né) é que faz sim! Haha Quando você vai lendo e percebendo as coisas se encaixando, você fica se perguntando como aquilo é possível. Como tantas coisas aleatoriamente esquisitas, que parecem ter sido só jogadas lá para confundir o leitor, reúnem-se em uma explicação o mais lógica possível.
Douglas Adams é um autor famoso pelas histórias non-sense, e se você não está familiarizado com sua escrita, provavelmente vai achar bem confusa até conseguir se situar. Mas não desista, o livro é bom e as coisas se explicam no fim das contas. E é muito engraçado. Acho o talento dele de fazer piadas com coisas bobas surpreendente, misturado à críticas à própria sociedade inglesa da época, bem como aos seres humanos de um modo geral. É um autor que vale a pena ser lido, mas também é do tipo que ou você ama, ou odeia. Eu me enquadro no primeiro grupo. Rsrs Lembrando aqui que o livro é de ficção científica, especialidade do autor, e não de investigação como pode parecer. Se você não curte ficção científica, pode se surpreender negativamente.
"(...) Sherlock Holmes afirmou certa vez que, assim que você elimina o impossível, o que sobra deve ser a resposta, por mais improvável que seja. Eu, no entanto, não gosto de eliminar o impossível."
O livro é narrado em terceira pessoa, nos pontos de vista de vários personagens diferentes, incluindo os que eu citei aqui e outros mais inusitados. A diagramação está boa, com fontes confortáveis, as páginas são amareladas. A capa é um pouco psicodélica e aquele gato não fazia o menor sentido até eu entender o motivo da existência dele. Haha
Por fim, se você já leu o Guia, acredito que irá gostar desse livro também. É uma boa forma de relembrar a escrita única do autor. Se não leu, talvez esse seja um bom começo para conhecer. Ou não. Só quem pode me dizer é você. Haha E aí, já leu alguma coisa do autor ou tem curiosidade? 😺
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