Autora: Liane Moriarty
Páginas: 368
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5
Adquiri esse livro em uma promoção da Amazon, a sinopse me fisgou! Mas vocês já sabem que adoro essa coisa de segredos e suspense, então isso não é uma grande surpresa. Cecília é quase uma mulher maravilha, ela tem três filhas, é dona de casa, esposa, presidente da associação de pais e amigos da escola das filhas e vendedora de Tupperware, e, não tem uma única tarefa que ela se esqueça ou faça de forma desleixada. Ela simplesmente dá conta de tudo. Até que um dia, enquanto seu marido viaja a trabalho, ela encontra uma carta guardada no sótão junto com outros documentos da família e no envelope está escrito: "Para minha esposa, Cecilia Fitzpatrick. Para ser aberto apenas na ocasião da minha morte." . É claro que a carta não sai de seus pensamentos e junto dela a dúvida, abri-la ou não? O que vocês fariam?
"Era isso o que precisava ser feito. Era assim que se convivia com um segredo terrível. Apenas seguia-se em frente. Fingia-se que estava tudo bem. Ignorava-se a dor profunda, o embrulho no estomago. De algum modo era preciso anestesiar a si mesmo de forma que nada parecesse tão ruim assim, mas tampouco parecesse bom."
Somos ainda apresentados aos dramas de Tess e Rachel. Tess é uma mulher casada, mãe de Liam, um menininho de seis anos, ela tem um negócio junto com seu marido e sua prima e melhor amiga, Felicity. Mas, seu mundo desaba quando eles lhe informam que estão apaixonados. Sem saber exatamente o que fazer, ela junta suas coisas e leva o seu filho para a casa da mãe, em Melbourne. Já Rachel é uma senhora de cinquenta e oito anos, ela trabalha na escola de St. Angela e tem um lindo neto, chamado Jacob. Mas está prestes a sofrer uma grande perda, ou é assim que ela enxerga a ida do filho e, consequentemente do seu neto, para Nova York, devido ao trabalho da esposa dele.
"É tudo uma questão de ego. [...] Poderiam se apaixonar por pessoas novas, diferentes, ou poderiam ter a coragem e a humildade de arrancar algumas camadas essenciais de si mesmos e revelar um ao outro um novo nível de diversidade, um nível que ia muito além de que tipo de música gostavam. Para ela, parecia que todo mundo tinha autopreservação e orgulho demais para simplesmente desnudar a alma na frente de parceiros de longa data. Era mais fácil fingir que não havia mais nada a conhecer, criar um companheirismo despreocupado."
O começo do livro é um tanto enfadonho, eu ainda me pergunto o porque de todas aquelas citações sobre o muro de Merlim, acreditaria que a filha de Cecília estava viciada nele sem elas. Até pensei em deixar a leitura de lado e começar outro livro, mas resolvi persistir, e, fiquei cada vez mais curiosa com a maldita carta. Quando a Cecília finalmente a abriu... que segredo meu amigo, que segredo! A revelação que a carta nos traz em si nem é tão imprevisível, apesar de eu ter sido pega de surpresa, mas elas viraram a história de cabeça para baixo. Logo, a vida das três personagens citadas se conectam e então não sabemos mais por quem torcer. Esse não é um livro sobre vilões e heróis, mas sobre pessoas comuns, que cometem erros.
"As pessoas pensavam que a tragédia trazia sabedoria, que elevava automaticamente o sofredor a um patamar mais alto, mais espiritualizado; porém, para Rachel parecia na verdade, ser o contrário. A tragédia tornava o indivíduo pequeno e rancoroso. Não lhe proporcionava nenhum grande conhecimento ou discernimento. Ela não entendia droga nenhuma da vida, exceto que era arbitrária e cruel, e que algumas pessoas se safavam de um assassinato, enquanto outras cometiam um erro insignificante, um deslize e pagavam um preço terrível."
O final foi fabuloso. A Liane se redimiu e eu gostei muito da reflexão que ela fez no final da história, sobre as escolhas que fazemos na vida e as consequências que elas trazem para nós e para aqueles que estão ao nosso redor. E, sobre os nossos segredos, aqueles que não contamos para ninguém. Ela desnudou a alma e os conflitos de suas personagens. E, apesar do início lento, eu gostei do desenvolvimento da história e fiquei curiosa por conhecer outros trabalhos da autora.
"Nenhum de nós conhece todos os possíveis cursos que nossas vidas poderiam ter tomado. E provavelmente é melhor assim. Alguns segredos devem ficar guardados para sempre. Pergunte a Pandora."
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