Título: Os Animais Também Vão Para o Céu
Autores: Camila Pelegrini, Wesnen Tellurian, Michael Vasconcelos, Martha Ricas, Evelyn Santana, Italo Oliveira, C. David, Malu Ghiraldeli, Duda Santos, Décio Gomes, Daya Alves, Tabatha Cuzziol, Kate Willians, Larissa Milena, Elaine Seco, Clécia Melo, Katerine Grinaldi, Nayara Yanne, Natasha Coutinho, Fernando Diaz, Camilla Lobo, Bruno Godoi
Páginas: 272
Editora: Sinna
Avaliação: 5/5
Olááá! Eu já deveria ter postado essa resenha há algum tempo, mas quis escrever com carinho e atenção para conseguir transmitir o quanto esse livro me tocou. Como já falei nas minhas Primeiras Impressões, Os Animais Também Vão Para o Céu é uma antologia com 21 contos, organizada pela Camila Pelegrini, e que tive oportunidade de ler através da parceria com a editora Sinna. Os contos têm como principal objetivo mostrar como os animais podem ser anjos na nossa vida, como podem nos transformar com sua bondade. Seguindo a ideia da minha resenha de Vilões?, vou mostrar um pouquinho de cada conto para vocês. Cada um foi capaz de me atingir de uma maneira forte e inesperada.
O Prefácio é um pequeno texto da organizadora, que já foi o suficiente para me deixar com olhos marejados. Só uma pequena amostra do que iremos encontrar na leitura.
O primeiro conto é A Linguagem dos Céus, de Wesnen Tellurian. Uma história capaz de transmitir a conexão e o amor existentes entre uma criança e um cão, ao ponto de doar a vida.
"Nossa conexão se deve ao idioma universal, à linguagem dos anjos; sim, o amor, todos podem falar e nem a morte subsiste diante dele."
A Magia de Oz traz um pouco da fantasia de O Mágico de Oz e revela um novo significado para um conhecido personagem: Totó. Michael Vasconcelos nos mostra a verdadeira importância do companheiro de Dorothy.
"— Não sei como podem dizer que animais não têm alma, quando, na verdade quem não tem são alguns humanos."
A Melodia Perdida, da autora Martha Ricas, foi um dos mais bonitos. Muito poético e que me fez derramar muitas lágrimas, nos mostra a triste visão de uma ave que um dia era livre e agora vive aprisionada em uma gaiola.
"Queria poder dizer a eles que meu canto era fruto de minha felicidade, que estar aprisionada levava meu canto para longe, para bem fundo dentro de mim, incapaz de sair. O coração de um pássaro é frágil, assim como suas penas. Pode partir-se com a menor brisa, levando as harmonias consigo."
Evelyn Santana escreveu Amor que Cura. Trazendo um drama (infelizmente) rotineiro atualmente: um pai ausente, uma mãe sobrecarregada, uma filha solitária. E como um animal pode transformar vidas. Me identifiquei bastante com esse conto e mais uma vez me emocionei.
"— Para de me olhar assim, eu não posso! — Ana repetiu, abaixando-se e trazendo o filhote para o colo. — Não me faça amar você, ouviu? Eu te proíbo de me amar e de me fazer amar você — ralhou, recebendo um latido e uma lambida."
Artichaut é um pequeno conto que mostra que nem sempre família quer dizer laços de sangue. Uma família pode ser encontrada ao acaso, basta querer amar. Italo Oliveira soube expressar isso muito bem.
"— A senhorita não pode entrar com o cachorro (...)— Me falaram que eu poderia trazer alguém da minha família, por isso o trouxe."
Ana Bittencourt é a autora de Caixa de Papelão, meu conto preferido da antologia. Sob o ponto de vista de uma gatinha de rua, podemos enxergar também o quanto os seres humanos podem ser transformadores na vida de um bichinho.
"Existem corações muito maus logo ali, na esquina. Talvez fossem assim para combinar com o frio do mundo."
Cãobraço, de C. David, também traz a visão do quanto a convivência com um bichinho pode ser transformadora em nossas vidas, assim como na vida de uma criança.
"Nunca parei para pensar em como nós aprendemos mais com os animais do que eles conosco."
Malu Ghiraldeli escreveu uma verdadeira novela em Dressage, onde acompanhamos Espiga, um cavalo sem raça que sonha em um dia ser treinado e participar de uma competição. É um conto maravilhoso e bem completinho.
"O show é para os cavalos que têm dom, não para os que têm raça. — O dedo dela acompanhou o formato de estrela branca no meu focinho. — É nisso que acredito."
Em Inesquecível, da autora Duda Santos, somos contemplados novamente com a pureza da relação de uma criança com um cão e do quanto eles são dispostos a abrirem mão de tudo por nós.
"Ele é o nosso melhor amigo. Ele não liga para a cor, para a sua religião, nem mesmo para sua classe social. O amor de cachorro é puro e ele carrega até seu último dia de vida."
Muitos contos me emocionaram durante a leitura, mas Marco Polo foi um dos que mais me fez chorar. Décio Gomes escreveu uma linda história sobre uma mãe que sofreu a pior perda que poderia, mas ganhou uma companhia inesperada para ajudar na cura.
"Os animais, eles têm esse poder, essa coisa quase mística de nos curar. Eles nos entendem melhor do que qualquer pessoa."
Prepare-se para se emocionar também com Meu Amigo Herói, de Daya Alves. Só quem já viveu com um bichinho consegue compreender a profundidade do sentimento de compartilhar importantes anos da sua vida com uma criaturinha maravilhosa.
"Quando o vi pela primeira vez, soube que ele seria meu herói, meu amigo, meu companheiro."
Em Meu Anjo da Guarda, de Tabatha Cuzziol, conhecemos o avô da Agnes e do Isaac, enquanto conta a história da inusitada amizade que fez com o lobo Caramelo.
"Do mesmo jeito que eu cuido dele, ele cuida de mim. E vai ser assim até o fim de nossos dias."
A autora Kate Willians escreveu Meu Amigo Locutor, uma narrativa muito fofa que mostra como temos oportunidade de fazer coisas importantes, mudando nossa vida e a de outras pessoas (além da dos animais), se ainda estivermos dispostos.
"— É, Bruce, todos nós precisamos de um bom amigo, não é? Às vezes é tudo o que falta para preencher o vazio deixado em nosso peito."
Missão, de Larissa Milena, é um conto sobre depressão e como um animal pode ajudar uma pessoa a encontrar forças em si mesma para passar pelos piores momentos.
"Para mim, anjo é qualquer ser do bem que vem do céu e depois volta para casa quando tem sua missão cumprida."
Ainda tratando de assuntos delicados, temos o conto de Lola Gutierrez. Em O Milagre de Du Berrot, conhecemos Cecília, uma criança autista que encontrou em um gatinho sua melhor companhia.
"Demonstrava em algumas ocasiões ser melhor companhia que os humanos, porque ele podia usar métodos para nos ajudar que nenhum humano conseguia. Parece que ele entendia que, para se sentir bem, seus humanos deveriam se sentir bem também."
Clécia Melo nos presenteia com mais uma história em que a emoção transborda nos olhos. O Retorno fala sobre a dor da perda e a alegria de um reencontro.
"Assim descobriu que os homens não são sempre bons. Muitos nem a enxergam. Por mais que lançasse um olhar na direção deles, abanasse o rabo e mostrasse sua alegria, eles não a viam."
Em Os Animais Vêm do Céu, a autora Katerine Grinaldi decidiu dividir com os leitores uma história muito pessoal: sua convivência com seu grande amigo Josh.
"Os humanos podem machucar sem nem perceber e é por isso que não gosto mais de chamar certas pessoas assim. Acredito que humano vem de humanidade, e muitos já a perderam."
Tudo Vai Ficar Bem, da Nayara Yanne, é um conto tocante sobre como um menino e um cãozinho, perdidos em meio a guerra, encontraram apoio um no outro para superarem as adversidades.
"(...) Faísca era seu único amigo, e Elias queria poder garantir-lhe que tudo ficaria bem (...)."
Natasha Coutinho traz mais uma uma história que aborda com sutileza o autismo. Um Novo Milagre mostra as mudanças que um filhote pode trazer em uma família.
"Sempre tive o pensamento de que cães são anjos de quatro patas que vêm ao mundo para salvar os seres humanos, pois são capazes de amar aos seus donos mais do que muitos humanos amam o próximo."
Uma Canção para Molly, de Fernando Diaz, também é uma história sobre uma duradoura amizade e a sintonia entre uma pessoa e seu cão.
"Ela parecia compreender tudo o que eu dizia. (...) Era como se um anjo tivesse entrado em minha vida."
Camila Lobo decidiu trazer uma nova visão sobre pequenos amigos que raramente são lembrados: hamsters. Uma Semente no Escuro mostra que eles podem ser tão queridos quanto cães ou gatos.
"(...) uma coisa que deveria começar a se espalhar pelas pessoas é o afeto que eles trazem."
Por fim, Vida Morta, de Bruno Godoi, é um conto bem poético sobre a natureza e o que os seres humanos estão fazendo com ela.
"Há momentos em que não há palavras para falar, né?"
A resenha ficou bem grande, mas acho que consegui passar uma síntese de cada uma dessas lindas histórias. Alguns contos me fizeram desejar que fossem mais longos; outros, apesar de pequenos, conseguiram ser bem completos; alguns outros me deixaram com a sensação de que ficou faltando um pedaço. Mas esse é um problema que sempre tenho com contos, por isso geralmente não os leio. rs
As histórias são fofas, delicadas e marcantes. Como médica veterinária, às vezes eu tenho uma visão bem crítica sobre enredos que envolvem animais. No entanto, posso dizer que cada um desses contos conseguiu me atingir em diferentes níveis e concluí a leitura muito satisfeita com o que encontrei. Espero que todos tenham oportunidade de conhecê-los. 😍
PS: Todos os lucros obtidos pela venda dos exemplares de Os Animais Também Vão Para o Céu são revertidos para ONGs de proteção animal. Essa ideia é linda demais! Se você também quer ajudar, pode adquirir seu livro físico pelo site da editora Sinna (clicando aqui).
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